Essa lata de lixo não tava aqui. Nem esse espelho. Nossos péssimos hábitos acabam se tornando nós mesmos. Vodka é uma merda, porque alguém beberia uma merda dessa? Eu bebo. Eu bebo e vomito pra cima. O lixo deve ter se rastejado pra cá enquanto eu não via, eu não vejo quase nada, poucas coisas prendem minha atenção e eu não consigo dormir, muito menos acompanhado. Ela apaga as luzes, transamos por horas e quando ela não aguenta mais pergunto "terminamos?" ela faz que sim, vira para o lado e dorme, mas eu não. Nunca eu. Pisco longamente e penso porque esse lixo tá aqui na frente do espelho. Tenho tanto medo de lixo. Não ligo pra espelhos mas de lixo eu morro de medo. Se eu fosse a um lixão, teria vontade de me afogar chorando no mar de chorume. Tenho medo de lixo e de gritar. Os gritos em si não me incomodam, mas o ato de gritar sim. Vai que alguém ouve. Tenho pavor.
Fico olhando pro teto torcendo pra desabar na minha cabeça e amassá-la como um pão de queijo sujo. Até que isso aconteça, talvez dê tempo de separar minhas revistas por ordem de lançamento com todas essas mulheres maravilhosas de tão escrotas que são estampadas como algo a ser seguido. Um corpo gostosinho e definido com o miolo mofado, quem ia querer algo assim? Eu quero.
E essa porra de teto? Que pesa, treme, mas nunca cai? Eu tô cansado. Eu tenho medo que essa porra de teto caia na minha cab--
Esperar o teto cair cansa. Acaba que quem cai é você. Em si. E dói bem mais que qualquer concreto.
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