Desconstruía a mureta pra erguê-la novamente. Nunca olhava atrás dela, pois não via necessidade. Nem quando não havia a mureta física. Desconhecia-se o que havia atrás da mureta. A mureta, cheia de buracos e falhas, não revelava o que havia atrás. A mureta só existia e passavam jovens parcialmente vestidos e a pulavam com enorme facilidade enquanto desconstruía e erguia-se novamente a mureta cinza de barro duro.
Um dia, surgiu uma marreta carregada por uma figura. Não sei como era a figura, qual era a cor de seu cabelo, o tamanho de suas orelhas, o que ela fazia nas noites de Quinta, não importava. Mas a marreta chegou. E a marreta ria um sorriso largo e arrogante e seus olhos olhavam o nada e estavam completamente vesgos e um tanto vermelho e ela sorria muito. Com um movimento pendular, a marreta começou a estalar a língua. Tloc, tloc, tloc. A marreta era um relógio de pêndulo, veja só. Ela quase encostava na mureta com força tremenda, prestes a dizimá-la. Mas não encostava momento algum. Tloc, tic, tloc, tac, tloc.
E aí desconstruía-se a marreta o relógio o cabelo da mureta o tempo passado e o tempo que tloc viria a tlocar alguma hora e que horas eram? Já nao importava pois o tempo havia sido desconstruído mas logo se erguia de novo assim como a figura e a mureta e a marreta formava cercas e cercas altas de cerca viva cercadas de parreiras vivas de martelinhos e marretas e muretas e murros na figura que desconstruía-se completamente e as vezes até esquecia-se de se erguer mas e daí? Ela era a coisa menos importante da coisa toda e isso se estende até hoje tloc e não afeta em nada sua vida embora talvez devesse mas tloc quem se importa...
?
terça-feira, 24 de março de 2015
Funeral
Engraçado ficar olhando pras coisas, pras pessoas rindo ao seu redor e pensar que um dia tudo vai acabar.
Não acabar no sentido de que as pessoas seguirão outros caminhos e o espaço será eventualmente modificado. Falo sobre morte. Todo mundo vai morrer, e isso não é uma suposição. De tempos em tempos penso nisso. É inevitavel... morreremos. Todos os conflitos, amores, esforços, olhares, toques, morrerão. Não existirão mais. Nunca mais. Outros virão, e estes morrerão igualmente. Morremos com tanta facilidade. Morremos mal, mastigando coisas inacabadas ou que não aconteceram. Ouvi uma pessoa dizendo, "morremos mal pois vivemos mal". Não sabemos viver? Todo mundo está vivo, poucos vivem. Viver é continuar vivo estando morto. Morrer e continuar vivendo. Não quero que isto
soe como poesia genérica, como auto-ajuda fraca. É um fato. Uma pessoa próxima, antes de morrer, agarrou-se à sua companheira e disse, sem resquício de medo, "acho que eu estou morrendo". E morreu. Ele reconheceu. Sabia que estava morrendo. Era de muita idade, já sentiu inúmeras sensações em sua vida. Mas que tipo de sensação o invadiu o suficiente para ele entender que estava morrendo? Não sei. Nascemos, passamos um tempo aqui, e morremos. Bom, "nesse meio tempo podemos atravessar a rua e comer um Bob's".
Não acabar no sentido de que as pessoas seguirão outros caminhos e o espaço será eventualmente modificado. Falo sobre morte. Todo mundo vai morrer, e isso não é uma suposição. De tempos em tempos penso nisso. É inevitavel... morreremos. Todos os conflitos, amores, esforços, olhares, toques, morrerão. Não existirão mais. Nunca mais. Outros virão, e estes morrerão igualmente. Morremos com tanta facilidade. Morremos mal, mastigando coisas inacabadas ou que não aconteceram. Ouvi uma pessoa dizendo, "morremos mal pois vivemos mal". Não sabemos viver? Todo mundo está vivo, poucos vivem. Viver é continuar vivo estando morto. Morrer e continuar vivendo. Não quero que isto
soe como poesia genérica, como auto-ajuda fraca. É um fato. Uma pessoa próxima, antes de morrer, agarrou-se à sua companheira e disse, sem resquício de medo, "acho que eu estou morrendo". E morreu. Ele reconheceu. Sabia que estava morrendo. Era de muita idade, já sentiu inúmeras sensações em sua vida. Mas que tipo de sensação o invadiu o suficiente para ele entender que estava morrendo? Não sei. Nascemos, passamos um tempo aqui, e morremos. Bom, "nesse meio tempo podemos atravessar a rua e comer um Bob's".
segunda-feira, 2 de março de 2015
Bênção
Preciso ler Baudelaire, preciso ler o jornal. Preciso parar de ver blockbusters. Preciso sair do Facebook e escrever. Preciso sair do Facebook e ver documentários, estudar o que me compete, pegar o conhecimento e engolir. Preciso sair do sofá e usar a inspiração. Pisar na ignorância e cagar na preguiça. A vida é tão fácil para quem não pensa... mas não quero conforto. Não é confortável estar vivo. E eu estou.
Assinar:
Comentários (Atom)