quinta-feira, 14 de julho de 2016

Dostoiévski

Minha cama tá uma bagunça e eu vou dormir bem ali no meio. Vou afastar as roupas com cheiro de cigarro prum canto e me encolher entre tudo que eu tenho tido preguiça de organizar, tirar do caos e colocar em seu devido lugar. Todas as mandíbulas, todos os cortes fundos, todas as beiras de piscinas, todo pensamento excessivo, todas as tortas de limão ficarão ali por mais um ou dois dias. Vou aproveitar. Vou aproveitar o frio e bater queixo entre tudo aquilo que faz meus banhos serem os piores. Depois eu tomo coragem, embolo tudo no armário e continuo fingindo que não há nada de errado. Sozinho. Sozinho, porque eu posso. Sozinho porque eu quis. Dostoiévski me escreveu na ultima página do caderno de matemática, provavelmente. Que fardo escroto.